sexta-feira, 21 de março de 2008

CORDEL


O Sertão e o sertanejo


Os primeiros sertanejos
Viveram no sofrimento
Quando não existia carro
Que o transporte era jumento
E hoje o sertão chora
Com o seu desmatamento


Com o seu desmatamento
Pois veio desaparecer
As belezas do sertão
Que a gente podia ver
As vezes acontece assim
Anos e anos sem chover


Quando fica sem chover
O lavrador se retira
O pequeno fazendeiro
Apertado ele se vira
Alimentando seu gado
Com faxeiro e macambira


Na terra da macambriea
O desgosto lá se pôs
Nas estradas a gente vê
Os velhos carros de boi
O presente vem na frente
E o passado vem depois


Do velho carro de boi
Eu tenho saudação
Foi o primeiro transporte
Da remota geração
E foi o primeiro carro
Que rodou no meu Sertão


Do sertanejo e do sertão
A saudade é demais
Já na terra de vovô
E da infância de meus pais
Terra de homem honesto
Que não tinha marginais


José Severino Cristóvão

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